Os dois relojoeiros

H avia em tempos longínquos, na cidade de La Chaux-de-Fonds, dois relojoeiros muito apreciados pela especial qualidade dos relógios que produziam. Havia uma certa disputa até entre eles. Não faltavam artífices distintos nesta cidade, que a pouco e pouco começou a tornar-se muito conhecida por isso. Aqui se fabricavam os melhores e mais precisos movimentos, as mais robustas e mais sólidas caixas, os mais belamente decorados mostradores. Os relojoeiros de La Chaux-de-Fonds orgulhavam-se da excelência dos seus conceitos, da quase inacreditável exactidão dos seus métodos de trabalho, do requinte extremo dos seus preciosos acabamentos, mas era no rigor das medições que os seus relógios proporcionavam que colhiam um sentimento especial. Um ano era um ano, um mês era um mês, um dia tinha vinte e quatro rigorosas horas, cada hora tinha sessenta precisos minutos, cada minuto era medido em sessenta completos segundos e cada segundo era um instante exacto, cuja absoluta duração era, n...