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A mostrar mensagens de 2017

Tocar

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E m música, usamos a palavra tocar com significados diversos. Dizemos que tocamos um instrumento ou que tocamos numa orquestra, por exemplo. Mas tocar, em música, é sobretudo atingir alguém com ela, penetrar com os sons no mais profundo, no mais íntimo da sua alma. Na verdade, nem sabemos muito bem que parte do eu estamos a atingir, quando tocamos alguém com a nossa música. Mas sabemos que estamos a atingir um centro qualquer, vital. Verdade seja dita que, no dia que souber como tudo isso acontece, deixo de fazer música... Tocar em alguém com música não tem figurino, modelo ou horário. Pode acontecer da forma mais inesperada, com os meios mais sofisticados ou da forma mais singela. Acontece a este e a oeste. De dia ou de noite. Podemos estar sozinhos, em frente da fonte da música, a ouvir solitariamente um disco, Podemos estar acompanhados por milhares, integrados num qualquer ritual colectivo. Tocar por música não envolve contacto entre as dermes. É uma espécie de sintonia entr

Os auxiliares

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S e dúvidas houvesse sobre o que se está a passar na Terra hoje, elas ficariam dissipadas com esta historieta que vos vou contar. Foi-me transmitida por uma amiga que fez uma alteração no seu percurso de vida e se dedica agora à agricultura biológica. A nova via resultou da decisão de recuperar uma quinta de família, há muito utilizada apenas como local de recreio. Durante o tempo em que esteve inactivo, o solo da quinta secou e a fauna tradicional abandonou o local. Algum tempo depois de reiniciada a actividade agrícola, dos solos voltarem a estar ocupados, da flora tradicional e das novas espécies cultivadas os terem repovoado e da fauna (sobretudo os "auxiliares", as espécies que ajudam a fazer a "manutenção", cujos micro sistemas ecológicos voltaram a estar activos) ter regressado, os fins de tarde, outrora silenciosos em resultado da inactividade agrícola e da aridez assim gerada, passaram a ser verdadeiras sinfonias de sinais sonoros da multidão de espéci

Ritual Sonoro - Guimarães, Cidade Verde Europeia

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Q uando falamos de território, estamos, sobretudo, a pensar num conjunto de pistas de natureza visual que contribuem para dar substância ao conceito. São elementos que mapeiam a realidade física e nos ajudam a lidar com toda essa complexidade. Pode ser um elemento natural ou um feito pelo homem. Uma grande montanha, por exemplo ou um objecto, um marco, um edifício, uma ponte, que une as duas margens de um rio. Linhas, figuras geométricas, gradações de luz. Um rio, pode ser, ele próprio, definido como uma linha sinuosa que cava uma garganta profunda no volume de um acidente orológico. Pode ser o perfil linear de uma árvore, os polígonos coloridos dos campos lavrados ou em flor, ou ainda a mancha abstracta e cromaticamente dinâmica de uma floresta. Pode ser a linha recta do horizonte distante que separa os azuis do céu e do mar ou a linha quebrada dos edifícios de uma cidade, interrompida pela curva parabólica de uma ponte.  Outras culturas usam outros elementos, para esse efeito. Ch