Carta aberta a quatro queridos amigos

 


Queridos José Cruz, Jorge Alves, Andrés Pérez e Pedro Rodrigues (*)

Escrevo ainda a quente, depois do concerto de ontem no Teatro Garcia de Rezende. Um concerto que integrou, pela primeira vez na minha vida, apenas obras de minha autoria. 

Ainda a tremer de comoção depois de ouvir as vossas interpretações das peças que integram este ciclo de A Parábola. 

De uma comoção medida, que tem tanto de emotivo quanto racional, que resulta de duas ordens de razões. 

Em primeiro lugar, porque o resultado artístico do que foi dado a ouvir ao público foi excepcional. Não uso uma bitola subjectiva para fazer esta afirmação. Digo-o de uma forma muito objectiva: se fosse possível (talvez o venha a ser um dia, quem sabe…) ligar um qualquer interface directamente ao meu cérebro, e depois daí a uma qualquer fonte sonora, sem quaisquer outros intermediários, era certamente isto que surgiria. Sou, portanto, a melhor testemunha de que estamos perante a versão mais fidedigna do que só morou dentro do mais recôndito do meu ser e que só agora foi, finalmente, completamente libertado.

A segunda ordem de razões, seguramente o aspecto mais significativo, prende-se com algo que perpassa mas ultrapassa tudo aquilo que invoquei na primeira ordem de razões: o compromisso, a seriedade, o elo profundo, a dádiva, o companheirismo, a urdidura que gerámos e a partilha, que marcam de forma indelével o vosso envolvimento neste projecto.

Toda esta Parábola grita não!, a um status quo hoje instalado nas sociedades em que vivemos. Fá-lo pelos temas que são abordados, pelas metáforas que deles decorrem, pelas soluções técnicas e artísticas utilizadas, pela antropologia da sua execução. 

Haja ouvidos para ouvir o que é disponibilizado por esta via e inteligência para compreender as entranhas e as consequências derradeiras de tudo o que aqui é dado a ouvir.

Um obrigado também ao CENDREV e, em particular, ao José Russo. 

Lembro, já agora, quem porventura nos esteja a ouvir, que no próximo dia 20 de Setembro há mais.

Bem hajam!

Abraço-vos fraternalmente.

Carlos

(*) a ordem é a da entrada em palco

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