Constança
Não queria deixar de assinalar aqui, singelamente o concerto dedicado a Constança Capdeville “no ano em que comemoraria o seu 75º aniversário.”
O concerto foi concebido e dirigido pelo António de Sousa Dias e levado a cabo por um grupo de pessoas que cruzaram caminhos musicais com ela.
O que poderia dizer, em termos puramente pessoais, sobre a Contança ficará sempre aquém do que sinto. Seria, pois, nessa medida, um acto desinteressante, injusto e inútil para ela e para todos os que me pudessem ler.
Mas não quero deixar de distinguir o concerto em si. Que melhor homenagem à Constança se poderia fazer? Que forma mais perfeita seria possível encontrar para demonstrar o fulgor do seu talento, invocar a sua infinita generosidade, lembrar a sua inesgotável capacidade para despertar a nossa energia mais recôndita —que pensávamos que já não tínhamos— e o melhor que há em nós?
O concerto, cujo título “Ce désert est faux” o António sabiamente escolheu, veio mostrar a importância da Constança: como se fez sentir e continua a fazer sentir, veio demonstrar a qualidade e o alcance da sua influência em todos nós, e veio, sobretudo, lembrar-nos, nestes tempos de combate e sem margem para dúvida, que o medo é uma ilusão. Ai de quem se deixa vencer por ele e coitado de quem acredita que através dele pode “vencer.” Raramente ouvimos a palavra revolução dita de forma tão subtil, tão serena, mas tão peremptória e arrasadora, como quando pensamos em Constança Capdeville.
A Constança esteve, muito literalmente, viva, no domingo no CCB. Bem hajas António.
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