Histórias Sonoras II

Tínhamos acabado a conversa anterior e acabáramos justamente de desligar o telemóvel. Eu tinha parado o carro num estacionamento em frente a uma esquina aqui no centro de Benavente. Qualquer coisa me suscitou a curiosidade na paisagem sonora desta minha nova terra ribatejana. Quando parei para prestar atenção ao que se passava, comecei a distinguir o som de um siringe, desses que os amoladores usam para anunciar a sua presença. Imediatamente localizei a fonte sonora.
Mas, para meu espanto, havia outro! Dois amoladores aproximavam-se, provenientes de duas ruas diferentes, sensivelmente à mesma distância da esquina onde me encontrava.
O amolador é uma espécie em vias de extinção. Consequentemente, o som do seu instrumento (o tal siringe) já praticamente se não ouve nos dias que correm. Qual será então a probabilidade de apanhar um dueto simétrico de siringes, numa esquina de Benavente, que parecia escrito por um compositor invisível neste ano de graça de 2008, alguns segundos depois de ter estado a falar sobre uma sinfonia para martelos, brocas pneumáticas, chapas de metal e coro, que parecia ter sido escrita também por um compositor invisível, a decorrer neste momento numa praça de Caldas da Rainha...?


Coincidências improváveis # 2.

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