Viver ao vento

As actividades humanas que se exercem em comunhão com o ambiente que nos rodeia dão-nos uma perspectiva muito rica da realidade. Uma reportagem recente da TSF (inserida na rubrica “Ouvir e verão”) dava conta de um moinho ainda em funcionamento na região do Bombarral. 
Os moinho são destas tecnologias que vivem do ambiente e devolvem o que lhe cobraram com uma preciosa mais valia. Os moinhos utilizados para a moagem do grão são máquinas impressionantes, belas e perfeitas na economia e na eficácia do seu funcionamento, admiráveis na forma harmoniosa como servem o seu propósito.
Os moleiros são seres que, de forma consciente ou não, reflectem tudo isto e revelam, no meio de todo este complicado fluxo de energias benfazejas, uma serena mas profunda sabedoria. 
O som tem um papel crucial no modo de funcionamento dos moinhos. Internamente qualquer peça revela a correcção do seu funcionamento pelo som que emite. O moleiro sabe ouvir e descodificar o som dos mecanismos do seu moinho. Neste aspecto parece um mecânico de automóvel (ver aqui.)
O moleiro deste moinho do Bombarral relatava o controlo que tem sobre o seu modo de funcionamento através dos sons longínquos que lhe chegam aos ouvidos. Os sons do mar ou do interior, distantes de quilómetros, dão-lhe a conhecer o regime e a força dos ventos. 
Este moinho da reportagem não dispõe, aparentemente, de cabaças (como o moinho da foto), uma outra ferramenta sonora que permite, pela frequência do som que elas emitem, ir percebendo a velocidade do vento para ajustar o mecanismo de moagem.

Mas, esse pormenor não interessa verdadeiramente. Para este moleiro o som das velas é bonito, dito assim com a simplicidade das coisas verdadeiras e profundamente sentidas.

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