Túnel de Vento

Se há algo que verdadeiramente nos une, a nós e à generalidade dos seres vivos na Terra, é o ar.
O ar, esta mistura de gases que preenche todos os espaços do mundo que nos rodeia, alimenta a vida e a faz, literal e metaforicamente, mover.
O ar, o fluído vital que assume diferentes formas e representa diferentes papéis. Pode ser o sopro primordial da vida do bebé, mas também a grande massa que se desloca de um ponto para outro do globo, levando tudo consigo nesse movimento. Pode ser o ar que sustém o voo delicado da ave ou a poderosa força motriz que produz a energia eléctrica que sustenta uma cidade inteira.
O ar, que está presente no fôlego dos músicos, no voo dos pássaros, na voz dos cantores, no rodar das velas dos moinhos, no ondular das brisas e no poder das rajadas e dos ciclones.
O Túnel de Vento é um projecto integrado no programa de 2019 do Dar a Ouvir que, ao longo de um percurso pelos diferentes espaços do Convento São Francisco (CSF), evoca e celebra as várias configurações que o ar vital assume.
Tal como nos túneis de vento usados pelos cientistas e engenheiros, este transforma-se num lugar aberto à experimentação e à verificação.
Os espaços do CSF, são de uma grande beleza arquitectónica e de uma riquíssima diversidade formal. O ar é o elemento que une estes espaços, algo mais que nos permite senti-los. O Túnel de Vento é uma forma de os percorrer, um outro modo de os sondar e de os medir.
Ao pôr a vibrar o ar que preenche todos os espaços do Convento, ouvindo-os, revelam-se as suas reverberações, as suas mais recônditas formas de ressoar e as formantes desta esplêndida arquitectura. Estamos a ensaiar uma outra maneira de verificar a sua diversidade. Uma forma, enfim, de dar destaque a uma característica, talvez, menos notória: a beleza do seu espaço acústico.
Ao ouvinte-espectador, que vai ser guiado por um pássaro, pede-se que percorra estes espaços em silêncio, servindo-se apenas dos seus ouvidos.
Desta forma, encontrará um modo diferente de apreender o espaço e, pelo caminho, poderá reflectir, através do som, sobre este polimorfismo do ar, as suas diferentes manifestações e o seu valor.
Uma reflexão certamente necessária, perante os perigos a que hoje o próprio ar e as criaturas que o respiram estão sujeitos.



TÚNEL DE VENTO
I Eos, a alvorada (claustro norte)
II Pássaros em Fúria, o ar é a sua casa (corredor exterior poente)
III Beneventum, os bons ventos que ajudam a produzir o alimento e a energia (antiga igreja)
IV Maleventum, os ventos das poderosas forças da Terra (corredor nascente)
V Epílogo ex machina (átrio da bilheteira)
Convento de São Francisco (Coimbra) dia 14 JULHO 2019. 19 h


com:
Alexandre Madeira (saxofone soprano)
Quarteto de Metais da União Filarmónica Taveirense 
Daniel Tapadinhas (dir. e trompete)
Pedro Santos (trompete)
João Serrano (trombone)
José Serrano (tuba)
Coralistas do Coro D. Pedro de Cristo
Alberto Sismondini (B)
Ana Patrícia Marques (S)
André Pereira (convidado) (T)
Brito Largo (T)
Catarina Parente (S)
Cristina Faria (dir. e C)
Francisco Neves (T)
Paula Campos (C)
Os dois pássaros
Alexandre Cotrim
Catarina Francisco


Agradecimentos: Catarina Pires, Teatro da Rainha, Avantools

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OVNIS e a Lei dos Vasos Comunicantes

Não há coincidências (dois em um)

Uma mulher, num carro, a beber café (das notas de programa e algumas notas adicionais)