Há som no ar

Mão amiga chamou-me a atenção para um site da Antena 2 chamado Somdescape (uma corruptela da palavra soundscape, como explica o seu autor.) Um título que chama a atenção para a paisagem sonora que, se estivermos atentos, traduz fielmente os valores que estão subjacentes aos organismos que a produzem e a ouvem. 
O título revela as ambiguidades da audição. Diz-nos que podemos estar a falar de sons dos escapes, o que é mau; ou do som como forma de escapar à ditadura da paisagem sonora pré-formatada que hoje nos é servida por todo o lado, o que é bom.
O programa foi (está a ir?) para o ar e eu, mea culpa, nem dei por isso.
De qualquer forma, é de saudar que neste país de surdos ainda haja quem teime em ouvir, e quem, ainda por cima, dê à crónica os produtos da sua audição. E quem acolha isso... 
A Antena 2, embora se calhar, não se dê disso conta, também faz parte da paisagem sonora e tem enormes responsabilidades nessa matéria. Se tivesse, ela própria, ouvido antes o que se passa à sua volta, tinha percebido que já há muito que se “fonografa” a paisagem sonora portuguesa e o Somdescape seria então, desde há muito, uma regra, e não uma excepção.

Ouvir, como escrevi aqui algures, não vai curar o mundo, mas ajuda. O Pedro Coelho dá aqui, seguramente, a sua contribuição.

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