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Não me imagino, também eu, a viver de outra forma...

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  Aqui há uns dois anos conheci John Paul Jones, o baixista dos Led Zeppelin. Confesso que parecia um miúdo quando, a meio de um jantar, conversávamos animadamente ele e eu, e, de repente, dei-me conta que estava ali com o membro de uma banda que me deu forte volta à cabeça quando apareceu. A novidade Led Zeppelin levava-me (a mim e a dois ou três amigos da altura), no final dos anos 60, a peregrinar diariamente em direcção a um bar em Cascais para ouvir o seu primeiro album.  Quando conheci John Paul Jones dei-me conta que afinal era um ser humano (ah!), de uma extrema gentileza, mas de uma energia inesgotável e contagiante. Para além disso é um dos mais antigos utilizadores do Kyma e, só isso, seria tema para infindável conversa.   Não tenho, pelo contrário, qualquer simpatia especial pelo presidente dos E.U.A.. Mas, ao ouvi-lo dirigir-se aos homenageados desta cerimónia, onde se inclui, entre outros, este mesmo John Paul Jones, ao ouvi-lo dizer, para ele e para o...

Constança

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Não queria deixar de assinalar aqui, singelamente o concerto dedicado a Constança Capdeville “no ano em que comemoraria o seu 75º aniversário.”  O concerto foi concebido e dirigido pelo António de Sousa Dias e levado a cabo por um grupo de pessoas que cruzaram caminhos musicais com ela.  O que poderia dizer, em termos puramente pessoais, sobre a Contança ficará sempre aquém do que sinto. Seria, pois, nessa medida, um acto desinteressante, injusto e inútil para ela e para todos os que me pudessem ler. Mas não quero deixar de distinguir o concerto em si. Que melhor homenagem à Constança se poderia fazer? Que forma mais perfeita seria possível encontrar para demonstrar o fulgor do seu talento, invocar a sua infinita generosidade, lembrar a sua inesgotável capacidade para despertar a nossa energia mais recôndita —que pensávamos que já não tínhamos— e o melhor que há em nós?  O concerto, cujo título “Ce désert est faux” o António sabiamente escolheu, veio mostrar a i...

A incógnita

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O JACC é uma instituição jovem, dedicada à divulgação e promoção do jazz e da música improvisada em geral. Conheço bem o JACC. Acompanhei-o desde a nascença em 2002 e, no âmbito da minha participação na Coimbra, Capital Nacional da Cultura 2003, fiz o que pude para ajudar o projecto a levantar voo e consolidar a rota. Não fiz mais do que dar uma ajuda modestíssima, não houve mais nada a motivar-me que não fosse a admiração pela coragem e tenacidade desta equipa para levar por diante um projecto que requer tudo isto em doses reforçadas, não sobrou mais nada, passados estes nove anos, que não tenha sido um reforço da minha admiração e uma infinita amizade. O JACC consolidou e diversificou, ao longo desta sua bem intensa carreira, um percurso sem paralelo no país. Uma percurso recheado de boas iniciativas que revelam uma invejável capacidade de realização, uma assinalável abrangência de acção e um espírito raro de iniciativa no panorama cultural do país.  O exemplo mais rece...

Os verdadeiros criminosos

Se dúvidas houvesse sobre o poder da música este exemplo dissipava-as. Já aqui há algum tempo referi um outro exemplo maravilhoso que ilustra bem o poder da música e a capacidade que esta arte tem para forjar um sociedade melhor. Este outro exemplo, vindo agora dos E.U.A., demonstra mais uma vez esse poder. Pergunto-me o que teria acontecido se os fundos gastos actualmente em programas como este tivessem sido usados em programas escolares de formação musical, na altura certa, de todos estes detidos. Não é um problema americano. A forma como, em geral, as artes são encaradas nas sociedades avançadas é patética. Os exemplos de cortes ou supressão de programas multiplicam-se um pouco por todo o lado, uns piores do que outros. Pergunto-me que noção terão os actuais responsáveis pelos sectores da Cultura e Educação do nosso país do significado que têm os cortes que se estão a efectuar nestas áreas para o nosso futuro? Pergunto-me o que pensa o país destes cortes...? Pergunto-me se o...

Kyma em Jardim de Inverno

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Foi mais uma sessão de “ Ler Dom Quixote ”, o excelente programa da responsabilidade deste Teatro São Luiz, comissariado por Teresa Albuquerque e Alvaro García de Zúñiga. Ontem, além da leitura habitual, ouviu-se muita música no Jardim de Inverno.  Em primeiro lugar, ouviu-se e falou-se da música do tempo de Cervantes, numa viagem esplendidamente guiada por Rui Vieira Nery.   Depois deu-se um salto no tempo para ouvir a Teresa Albuquerque que fez, ela própria, assim, de viva voz, explodir os (algo)ritmos da moldura sonora que concebi para esta sessão. Moldura feita de uma síntese que misturou as palavras de Cervantes com os cliques e espirais sonoras do Kyma , enquanto, lá longe, as vozes cerzidas por D. Pedro de Cristo —um contemporâneo de Cervantes vindo de Coimbra— juntavam a perspectiva de um outro tempo a este tempo que é o nosso. (Veja aqui o programa desta sessão).

No princípio é o som

Na sua excelente crónica Sinais de hoje, Fernando Alves  traz-nos notícia da abertura das Lojas do Saber , em Coimbra.  Trata-se de uma iniciativa do professor jubillado da UC, João Pedroso de Lima   que “ verificando que o desaproveitamento de tanto conhecimento acumulado, quer por si, quer por outros professores universitários reformados, ‘é uma perda grande para a sociedade’, decidiu lançar as Lojas de Saber. Assim, falou com outros jubilados e mobilizou-os para o lançamento de cursos livres.” A iniciativa, só por si, é credora de todo o destaque que Fernando Alves lhe dá. Mas, eis que se descobre a cereja em cima do bolo: o primeiro curso, que terá lugar já hoje, trata o tema “Os sons da vida”. O som no nosso quotidiano, as percepções, os sinais, as anomalias. Definitivamente o som vibra com grande vigor em Portugal!

25 Planos + 2 do Teatro da Rainha